| 
 
INTRODUÇÃO 
O tanque Type59 é uma variação do modelos Type 54/55 que foram largamente produzidos e exportado para diversos países sob influência da URSS, nos anos 60 e 
70. O Type 59, em específico, é uma versão para o mercado chinês. É muito parecido 
com os Type 54/55, exceto pela sua motorização e alguns detalhes na torre.
 
A intenção desse trabalho era mostrar que não é necessário um diorama muito 
elaborado para chamar a atenção. Uma vinheta simples, de uma cena bastante 
conhecida pode fazer o mesmo efeito.
 
Essa cena ocorreu em 1989, no enfrentamento conhecido como O Massacre da Praça da Paz Celestial, onde estudantes universitários lutaram por maior abertura política, 
sendo duramente reprimidos pelo governo. Até hoje, o número real de mortos não é 
conhecido, sendo entre 300 e mais de 4000. A cena capturada a partir de um quarto 
de hotel, foi feita nos dias seguintes ao protesto, e apesar do nome, não foi 
exatamente na praça, e sim nos seus arredores, a Shangai Av.
 
Não se sabe quem foi o homem que enfrentou os tanques, nem seu paradeiro. 
Aparentemente, ele não estava envolvido com o movimento, e nem parece se tratar de 
um estudante. As sacolas que carregava pareciam ser compras feitas pela manhã. Após 
a filmagem, ele foi convencido a ir emborar por um grupo que estava próximo e 
diversos interrogatórios posteriores incluam tal pessoa na lista de procurados. A 
foto do homem que enfrentou uma coluna de tanques foi eleita a Foto do Séc. XX.
 
O MODELO: 
O Type 59 é unicamente produzido pela Trumpeter, sendo um dos primeiros kits da 
mesma. Ela ainda produz cerca de 8 variações do mesmo modelo. Todos eram baseados em modelos da Tamiya e vinham com motorzinho e esteiras de borracha (acessórios logo descartados).
 
Inicialmente eu comprei-o por uma pechincha, mas o barato sai caro. O kit 
provavelmente é um dos piores da família T54/55/59. As dimensões são evidentemente 
erradas; é necessário trocar as esteiras por algum tipo de track-link, pois, por 
serem móveis, ficam irrealmente esticadas; os moldes são grosseiros e com diversos 
problemas de encaixe. Para ajudar, as fotos do modelo montado, ao redor da caixa, 
indicam um modelista não muito interessado em completar a tarefa.
 
Para os interessados, a melhor opção seria pegar um T54 e convertê-lo. 
Aparentemente é necessário remover uma lanterna que fica sobre a torre, faróis 
somente do lado esquerdo e remover as presilhas para engates de bulldozer na parte 
frontal.
 
A MONTAGEM 
Se pensarmos em termos de militaria, o kit é de poucas peças, motando-se a 
estrutura, rodas, caixas de apoio e torre. No entanto, para esse trabalho em 
especial, foram necessárias diversas modificações.
 
O primeiro passo foi encontrar track-links adequados para o processo. A opção foi a 
da ModelKasten. O sistema dela é bastante inteligente, e apesar da quantidade de 
links, a tarefa é simples e prazerosa. São necessários cerca de 101 links para cada 
lado. Um problema é que o kit é de proporções incorretas e ao tentar acertar a 
quantidade de links, ora ficava totalmente esticado ora muito frouxo (isso, 
removendo-se apenas um unidade). A solução foi modificar o ponto onde passa o eixo 
da roda tratora (a última) trazendo-o um pouco para trás e para cima. O conjunto 
fica com um caimento bem discreto e não chega a encostar na segunda roda frontal. O 
envelhecimento foi baseado das técnicas de Mig Jimenez, mas evitando-se deixá-las 
carregadas de mais, pois não estavam sobre terra ou lama.
 
O segundo problema, ainda envolvendo os links era que a roda tratora era muito 
grande no kit da Trumpeter. A solução foi copiar a peça em resina de um kit T54 
emprestado. A técnica de copiar a peça em um molde de peça única revelou-se uma 
obra de arte da engenharia-gambiarrista (nem vou contar...). Ao terminar, a sapata 
traseira ficou muito fora da proporção. A solução foi cortar um pouco das 
extremidades, diminiuindo um pouco seu arco, de modo a ficar mais elegante.
 
Outro problema foi o tubo do canhão. Pelo que entendi, somente mais tarde, o tubo 
de canhão do kit era menor e com o extrator de gases colocado em posição diferente. 
Era necessário usar um canhão de 105mm. Aparentemente, a Trumpeter vende esse kit 
em outra versão, a qual seria mais adequada, mas só soube disso mais tarde. Além 
disso, geralmente kits de militaria não proporcionam o movimento vertical do 
canhão, e por isso tive que refazer a sanfona da base, em durepoxi, apontando-o 
mais para cima.
 
Os demais detalhes da montagem foram baseadas nas fotos da época. Elas não são 
muitas e não nem sempre de boa resolução. Além disso, são quase todas do mesmo 
ângulo. Mesmo assim, é possivel identificar alguns detalhes importantes:
 
- O tanque está sem a sapata dianteira direita. 
 - O canhão e a metralhadora estão cobertos por lonas.
 - O tanque não transporta os galões de combustível de travessia.
 - Ausência de algumas caixas, ferramentas e até mesmo de um link-extra.
 - Não é possível identificar o número do tanque
 - Um tronco de auxílio, aparentemente está sendo carregado na parte traseira, bem 
como o cabo de aço de apoio.
 - As escotilhas da tripulação estão fechados Dependendo da foto, um tripulante 
pode ser visto na saída superior. 
 - O tanque é camuflado.
  
Muitas peças precisam massa, em especial as borrachas das rodas e o encaixe da 
parte inferior e superior da estrutura. Após colar as caixas de apoio, diversos 
pontos precisam ser fechados, pois são visíveis por baixo. 
O tronco foi feito com um peçado de madeira verdadeiro; sobra de de um veleiro em 
madeira que montei há alguns anos. Para dar o efeito mais real, e peça foi 
desbastada de maneira irregular. Posteriormente, uma freza bem grossa em pontos 
específicos, para indicar que a mesma já foi usada. Segundo conhecidos, essas 
madeiras eram pintadas na cor do tanque.
 
A lona sobre a metralhadora foi com uma técnica com papel de seda (Desses que ficam 
em caixa de sapato). pinta-se as duas faces com tinta esmalte (não solúvel em 
água). Após seco e cortado do tamanho adequado, eme deve ser molhado e adquire 
maleabilidade para que seja moldado conforme o desejo do modelista. Algumas 
amarrações devem ser feitas ainda com o papel molhado. Após secar, deve-se aplicar 
algumas pinceladas de cola branca diluída em água. Isso vai garantir que o papel 
volte ao formato original, após secar totalmente.
 
Foram feitos alguns envelhecimentos com betume e pastéis. A idéia não era exagerar, 
pois os tanques são sempre deixados em boas condições de uso, quando não estão em 
guerra, mas mostram algumas marcas do tempo. Os pastéis e arranhões ficam bem 
evidentes na parte interna das laterais inferiores.
 
As grandes antenas foram feitas com corda de guitarra. São muito boas, pois não 
amassam ou quebram com facilidade e são fáceis de trabalhar. Além disso, evitam que 
dedos curiosos toquem as mesmas mais de uma vez. O cabo de aço foi feito inicialmente com corda de violão. No entanto, suas linhas quase que circulares davam um resultado irreal, se vistas de perto. Troquei por um cabo de aço malhado, de pequena espessura.
 
Os decais eram muito ruins. O principal problema é que o vermelho havia sido 
impresso sobre o amarelo em posição errada. A solução foi pegar decais mais 
precisos de outro modelo com um colega modelista. Acho que era um pedaço da 
insígnia de um Mig15 1/32.
 
A pintura foi feita com modificações de tons de verde e marrom que eu tinha em 
casa. Não é muito gratificante tentar encontrar a cor exata, já que não é fácil de 
saber qual cor é. Pelas fotos que encontrei, o tom marrom é bastante alaranjado, 
embora as fotos da ocasião indiquem um cor mais sóbria. Apesar de a cor ficar 
dentro que achei ser adequado, sei que muitos modelistas irão dizer que o tom está 
muito vivo.
 
A BASE 
O trabalho final seria o restante da vinheta. Primeiramente trabalhei na base, 
fazendo uma cor de asfalto com tinta PVA. Em geral, o asfalto que vejo nas bases é 
muito falso e homogêneo. Para modificar isso, passei uma finíssima camada de prata 
bem diluída (o certo seria dizer, thinner com resto de um pigmento prata anteiror). 
Isso simula pequenos pontos de brilho que você pode ver em qualquer asfalto. Depois 
eu trabalhei as faixas de sinalização conforme a foto. A seta ficou no padrão do 
DETRAN/PR, mas as faixas de travessia parecessem erradas. No entanto, elas seguem o padrão mostrado nas fotos.
 
Após pintar as faixas, é hora de desgastar o conjunto. Primeiramente fiz algumas 
marcas de derrapagem, bastante comuns em qualquer rua. Usa-se máscara e um pequena borrifada no aérografo. Depois, alguns pastéis de cinza e preto para fazer aqueles marcas deixadas pelos anos de tráfego de pneus.
 
Quando se vê as cenas filmadas, pode-se ver que o tanque solta bastante óleo ao 
ficar parado. Isso foi feito com betume e aguarraz na parte esquerda. Não sei dizer 
se o mesmo ocorreu do lado direito. Aparentemente, não.
 
A FIGURA 
Devo confessar que figuras não são o meu forte. Por conta disso, não me esforcei em 
fazer detalhes de rosto, sombras e luzes que os modelistas de figuras geralmente 
sabem fazer muito bem.
 
A figura inicialmente foi pega de um modelo postado em pé do próprio tanque. O 
trabalho foi deixá-lo como uma figura civil. Inicialmente, tive que converter o 
macacão em roupa social, cortando os diversos bolsos laterais e sumindo com umas 
cintas que a figura tinha. Mantive a gola e foi necessário, aumentar com massa a 
barra da calça.
 
As bolsas que ele carregava foram feitas com durepoxi misturada com creme Nívea. A 
mistura dá mais maleabilidade ao conjunto. No entanto, não foi fácil. Algumas 
ficavam com formato muito falso. Para as que serviam, devia-se esperar um pouco 
para curar um pouco a resina e, com auxílio de um explorador dentário, puxar a alça 
para cima. Após secar, nem todas encaixam nas mãos da figura com bom aspecto. Foram cerca de umas 10 tentativas.
 
Quanto ao rosto, mais uma complicação. Não é muito fácil encontrar figuras 
orientais. Das opções encontradas, a maioria são de figuras militares japonesas ou 
chinesas. A melhor opção foi o set Vietcong (A´Nam Series 1/35 da Dragon). A cabeça ficou boa, mas era feita para usar um sombreiro. A cabeleira foi feita com 
durepoxi.
 
Camisa e calça foram pintados com cores acetinadas, enquanto os sapatos foram 
pintados com tinta brilhante.
 
CONCLUSÃO 
A construção desse kit realmente foi um tiro que saiu pela culatra. Opção errada de 
kit barato vieram a trazer mais problemas que pegar um kit bem trabalhado, por um 
pouco mais. Há várias opções de T54 no mercado e com certeza, muito melhores que o 
kit da Trumpeter. No entanto, pelo que constatei, a ideia de uma vinheta simples 
que chame a atenção, funciona.
 
 |